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FIFA impede fiscalização trabalhista em obras de estádios mexicanos da Copa de 2026

A FIFA está impedindo a fiscalização independente das condições de trabalho nos estádios do México na Copa do Mundo de 2026, descumprindo um acordo prévio firmado com a Internacional dos Trabalhadores da Construção e da Madeira (ICM). A entidade sindical denuncia que, apesar do compromisso firmado, não tem acesso aos canteiros de obras, levantando suspeitas sobre a situação dos trabalhadores que atuam na reforma do Estádio Azteca, na Cidade do México.

Segundo Raimundo Ribeiro Santos Filho, o Bahia, presidente do Comitê Regional para a América Latina e Caribe da ICM e também do Sintrapav/PR, essa dificuldade em fiscalizar é um retrocesso em relação a outras edições da Copa do Mundo. “A ICM sempre teve acesso aos canteiros, desde as edições na África do Sul, Brasil, Rússia, Catar… E aqui estamos enfrentando obstáculos inaceitáveis”, afirmou. Mesmo sem poder entrar nos estádios, os dirigentes da ICM têm conversado com trabalhadores na entrada das obras e realizado reuniões com sindicatos de diversos setores, denunciando a situação.

A obstrução da FIFA ocorre em um contexto sindical complicado no México, no qual muitos sindicatos acabam sendo controlados por patrões, o que prejudica a representação autêntica dos trabalhadores. Para enfrentar essas dificuldades, a ICM planeja realizar uma conferência no país em julho, buscando ampliar a pressão para que a fiscalização trabalhista seja garantida.

A entidade também tem mobilizado apoio político. Nos últimos dias, membros da ICM visitaram órgãos do governo mexicano, como a Secretaria do Trabalho nos níveis estadual e federal, além da Câmara dos Deputados, onde conversaram com as lideranças políticas sobre a necessidade de garantir condições de trabalho dignas para os operários envolvidos nas obras da Copa do Mundo.

A FIFA, por sua vez, afirmou que não tem gestão direta sobre as reformas do Estádio Azteca, mas diz que monitora as condições de trabalho por meio de entidades locais. No entanto, a negativa de acesso à ICM levanta dúvidas sobre a transparência e o compromisso da organização com os direitos trabalhistas.

Com os investimentos bilionários em andamento e com centenas de trabalhadores envolvidos apenas na reforma do Estádio Azteca, a falta de supervisão independente acende um alerta sobre os riscos de abusos e violações trabalhistas. A história de condições precárias em edições anteriores da Copa reforça a necessidade de ampliar a pressão para que a FIFA cumpra seus compromissos e permita a fiscalização trabalhista no México.